O segundo dia de atividades do III Seminário de Enfermagem – “Enfermagem e proposta do Brasil saudável: unir para cuidar” foi norteado pela troca de experiências entre o Brasil e a França, no enfretamento a infecções sexualmente transmissíveis, hepatites virais e no combate à transfobia. A atividade foi composta por mesas redondas e debates, e integra a programação do 26º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF).
Na primeira mesa do dia, o enfermeiro francês Kevin Vernel trouxe detalhes sobre a experiência vivida por ele no Serviço Poppy, uma ação itinerante da Association La Case, programa de redução de riscos iniciado em Bordéus, na França, em 1994. O programa atende pessoas em situação de prostituição, oferecendo informações sobre infecções sexualmente transmissíveis, testes rápidos, vacinação e tratamento medicamentoso.
De acordo com Vernel, a iniciativa mudou a realidade do enfrentamento das ISTs na região onde as ações ocorrem. Hoje, segundo ele, o principal objetivo do serviço é alcançar um púbico ainda maior. “Nossa luta é para que essa ação seja acessível a todos, em virtude da profissão que atuam, mantendo a gratuidade e a preservação do anonimato. Com isso, a gente consegue manter a continuidade dos tratamentos’, explica.
As estratégias da Enfermagem brasileira no cuidado às pessoas com corrimento uretral também marcaram presença durante o seminário. Membro da Coordenação Geral de Vigilância das Infecções Sexualmente Transmissíveis do Ministério da Saúde, o enfermeiro Ítalo Albuquerque, mostrou detalhes do que a categoria tem feito para mapear e combater infecções como a clamídia e a gonorreia.
A segunda mesa redonda do dia teve como foco a eliminação das hepatites virais e doenças avançadas do fígado na França, e como essas experiências, juntamente com iniciativas desenvolvidas na Austrália, estão servindo como base para estratégias que serão implementadas no Brasil. As apresentações foram comandadas pelo enfermeiro Jeremy Hevert, integrante da equipe móvel de combate a hepatite do Centro Hospitalar de Perpignan (FRA), e pelo consultor técnico da Coordenação Geral de Vigilância das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Elton de Almeida.
O consultor técnico apresentou detalhes de como o combate às hepatites virais começarão a fazer parte das ações do programa “Brasil saudável: unir para cuidar”, a partir do ano que vem. Segundo ele, as iniciativas terão início pelo norte do país, principalmente em regiões amazônicas de difícil acesso.
A programação do III Seminário de Enfermagem seguiu com uma mesa redonda focada no combate à transfobia e a ampliação do acesso à saúde da população LGBTQIAPN+. O momento foi comandado pela auxiliar de Enfermagem Micaela Reis, integrante da equipe do Casarão Brasil (SP); pela enfermeira Aline Pilon, consultora técnica da Coordenação Geral de Vigilância do HIV/Aids do Ministério da Saúde; pela Helena Cortes, do Instituto Nacional de Mulheres Redesignada (INAMUR/RS), que este ano se tornou a primeira enfermeira trans a receber o Prêmio Anna Nery e; pela Camille Eaisch, outra integrante da associação francesa La Case.
A programação apresentou debates amplos e didáticos, abordando temas que passaram por assuntos como a importância do nome social para pessoas trans e travestis nos locais de saúde, o acolhimento qualificado e integral realizado pela Enfermagem nesses casos, e como o preconceito pode impactar no acesso desse público aos serviços de saúde. Com a proposta de discutir o papel da Enfermagem na eliminação de doenças e na promoção de uma saúde mais inclusiva em todo o país, o III Seminário de Enfermagem é resultado de uma parceria firmada entre o Cofen o Ministério da Saúde.