Conferência destaca desafios e conquistas da Enfermagem global no contexto do desenvolvimento sustentável

No segundo dia do 26º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF), a professora e pesquisadora Jeanne-Marie Stacciarini, da Faculdade de Enfermagem da Universidade da Flórida, abordou sobre os desafios e sucessos da Enfermagem global para o desenvolvimento sustentável. A sessão foi coordenada pelo vice-presidente do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), Daniel Menezes.

Stacciarini destacou o papel essencial da Enfermagem para garantir a saúde das populações, especialmente em áreas vulneráveis. No entanto, apontou que a profissão ainda enfrenta desafios significativos, como a desigualdade na distribuição de trabalhadores em diferentes regiões e a migração de enfermeiros de países de baixa renda para nações mais ricas em busca de melhores oportunidades, fenômeno conhecido como “fuga de cérebros”.

Apesar desses obstáculos, a professora ressaltou que a categoria tem alcançado importantes avanços, adaptando-se às adversidades e contribuindo diretamente para a melhoria dos sistemas de saúde. “A saúde é um dos pilares do Desenvolvimento Sustentável (ODS 3), e muitos dos ODS estão diretamente alinhados ao trabalho dos enfermeiros, reforçando seu papel central no alcance de metas globais relacionadas ao bem-estar”, disse.

A palestrante também chamou a atenção para a estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê uma escassez global de aproximadamente 4,5 milhões de enfermeiros e 310 mil parteiras até 2030. Esse déficit afetará especialmente regiões como África, Sudeste Asiático, o Mediterrâneo e partes da América Latina.

Entre as estratégias para fortalecer a Enfermagem no contexto do desenvolvimento sustentável, Stacciarini frisou a necessidade de investir na profissão, assegurando uma formação de qualidade e alinhada às necessidades de saúde da população. Ela destacou a relevância de integrar os ODS nos currículos de formação, em pesquisas e nas políticas de saúde, além de promover uma educação transdisciplinar. “A Enfermagem tem o potencial de impactar diretamente as populações vulneráveis, como indígenas, quilombolas, negros e idosos, especialmente em áreas remotas”, afirmou.

A pesquisadora também evidenciou a importância de assegurar condições de trabalho dignas e remuneração adequada para evitar a evasão e migração de profissionais qualificados. Outro ponto é o investimento em posições de liderança, para que enfermeiros tenham participação ativa em decisões políticas e governamentais. Além disso, fortalecer os órgãos reguladores e as organizações profissionais é essencial para apoiar as necessidades da categoria.

Stacciarini concluiu afirmando que os enfermeiros são fundamentais para a condução de resultados positivos e para a estabilidade econômica das sociedades. “É hora de reconhecer globalmente a Enfermagem não apenas como uma profissão, mas como um investimento essencial para o futuro coletivo”, finalizou.

Ao final, Daniel Menezes reforçou a relevância da presença da Enfermagem em posições de liderança nas políticas de saúde. “A Enfermagem tem se destacado pela capacidade de adaptação diante das adversidades e, com ciência e esforço, tem avançado na ocupação de espaços decisórios”, concluiu.

 

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