.Foi pré-lançada a campanha institucional do Sistema Cofen/Conselhos Regionais de Enfermagem “Calando o Racismo com a Voz da Enfermagem”, que busca combater o preconceito racial. A campanha tem como objetivo conscientizar sobre as desigualdades e preconceitos raciais ainda presentes na área da saúde e, em especial, na Enfermagem.
No lançamento, realizado no estande sobre igualdade racial do 26º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF), o presidente do Cofen, Manoel Neri, destacou a importância de erradicar o racismo no ambiente de trabalho. “É preciso não apenas eliminar o preconceito racial da Enfermagem, mas também da sociedade como um todo”, disse Neri.
As mulheres representam 85% das equipes de Enfermagem no Brasil, e mais da metade dessas profissionais (53%) são negras, segundo o levantamento Perfil da Enfermagem (Cofen/Fiocruz). “No entanto, essas mulheres ainda enfrentam barreiras significativas de discriminação e precarização”, pontuou Neri.
A realidade de discriminação racial e de gênero na Enfermagem reflete na distribuição desigual desses profissionais no mercado de trabalho. As mulheres negras e pardas, que compõem uma parcela significativa da força de trabalho da Enfermagem, estão majoritariamente concentradas em cargos de nível médio, que possuem remuneração inferior e condições de trabalho mais precárias. Dados da Universidade de São Paulo mostram que, embora as mulheres negras representem 26% da população brasileira, elas detêm apenas 14,3% da renda nacional.
Além disso, a pesquisa da PNAD de 2018 revela um abismo educacional entre mulheres negras e brancas, com 17,1% das mulheres negras tendo concluído o ensino superior, em contraste com 36,1% das mulheres brancas. Essa desigualdade educacional agrava ainda mais as dificuldades enfrentadas por essas profissionais no mercado de trabalho.
A campanha “Calando o Racismo com a Voz da Enfermagem” visa promover reflexões sobre as injustiças estruturais e fomentar a construção de um ambiente de trabalho mais igualitário e justo. A ação faz parte de um esforço contínuo do Cofen para enfrentar o preconceito racial e criar oportunidades equitativas para todas as profissionais da Enfermagem no Brasil.