Aproximar ainda mais os profissionais de Enfermagem da tecnologia. Esse é um dos pilares do 26º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF), que segue até esta quinta-feira (19), no Pernambuco Centro de Convenções, em Olinda. Nesta quarta-feira (18), uma sessão científica deixou ainda mais evidente esse pilar e trouxe detalhes sobre a atuação da equipe de Enfermagem em cirurgia robótica.
A mesa coordenada por Heloísa Helena Peres do Conselho Regional de São Paulo (Coren-SP) fez um panorama desse tipo de procedimento no país e as perspectivas futuras. As apresentações foram abertas por Neurilene Batista, membro da Câmara Técnica de Enfermagem Digital do Coren-SP e responsável pelo primeiro parecer técnico do Sistema Cofen/Conselhos Regionais com as diretrizes de atuação das equipes de Enfermagem em cirurgias robóticas. Durante a fala, ela destrinchou o Parecer 003/2024 , publicado pelo Coren-SP, que especifica os detalhes de como cada profissional deve atuar neste seguimento tecnológico.
Precursora da cirurgia robótica no Brasil, a enfermeira Daniela Bispo, coordenadora assistencial do Centro Cirúrgico do Hospital Sírio Libanês (SP) fez um apanhado histórico da evolução dos procedimentos no país. Ela integrou uma das primeiras turmas de especialistas que começaram a atuar em unidades hospitalares nacionais, em 2008, ano em que as cirurgias robóticas começaram a ser realizadas no Brasil. Segundo ela, os profissionais de Enfermagem precisam mais do que nunca atualizar os conhecimentos e estarem atentos a novas oportunidades de atuação.
“Cada vez mais precisamos ter profissionais qualificados. E a importância do parecer junto ao Conselho Federal para regulamentarmos qual é a prática do enfermeiro e do técnico de enfermagem, para que a gente consiga garantir uma assistência segura e eficiente aos nossos pacientes. É um campo muito amplo de atuação, não somente na assistência, mas em pesquisa e também na área comercial. A Enfermagem deve ficar muito atenta, porque outros robôs estão chegando no mercado e não há uma obrigatoriedade para que a operação seja feita por um enfermeiro, então tem outros profissionais da área da saúde que se especializam. Ou seja, a Enfermagem precisa estudar para ganhar espaço”, prevê Daniela.
Em setembro do ano passado, o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) deu início ao projeto de cirurgia robótica na unidade. De lá pra cá, foram realizados 89 procedimentos. A diretora técnica de saúde do Hospital, Márcia Lopes, que também compôs a mesa de discussões, ressaltou a necessidade de literatura técnica produzida pelas equipes de Enfermagem e o impacto que isso pode ter para a evolução do campo da saúde.
“A Enfermagem, de modo geral, trabalha muito. A gente pesquisa muito e tem um cuidado tão grande dentro do hospital e associado a tecnologia, a cirurgia robótica, a gente tem muito o que ensinar. Quando falamos em produzir artigos científicos, é trazer para as pessoas o empoderamento. E assim se apropriar do conhecimento, porque parece que a gente faz muito e a gente não apresenta porque parece que é muito simples. E não é simples, eu acho que temos muito conhecimento, mas como eu uso ele no meu dia a dia, parece que todo mundo já sabe. E não é. Porque tem gente se formando agora que ainda não sabe. Basta mostramos que o caminho pode ser tranquilo”, detalha a diretora técnica.
A sessão científica foi finalizada por Maíra Danielle de Souza, enfermeira e doutora em cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), mas que nos últimos anos passou a atuar em outro campo e, atualmente, ocupa a vaga de executiva comercial de uma das principais empresas de tecnologia na área de cirurgia robótica. Maíra também destacou a importância da qualificação dos profissionais de Enfermagem nessa nova área e como a profissão tem a evoluir associada às novas tecnologias.